Este documentário, rodado no Puy-de-Dôme, relata o percurso de famílias portuguesas que se instalaram, a partir dos anos 60, em antigas aldeias vinhateiras, nomeadamente em Roche-Blanche. "Outrora, o país dos imigrantes era lá. Agora é aqui. O país dos imigrantes é onde as pessoas se sentem em casa. Lá, na aldeia que eles deixaram, eles são a imagem viva da ausência. Aqui, encontraram como levar a vida e ficaram. A sua presença salvou a aldeia da ruína. Aqui é Roche-Blanche, uma aldeia ao pé de Clermont Ferrand. Em 1968, na escola municipal, havia 67% de filhos de imigrantes, na sua maioria de pais portugueses. Não há memória, em Auvergne, de nada assim. No pós-guerra, as antigas aldeias vinhateiras ao redor de Clermont Ferrand estavam completamente em ruínas. Os imigrantes, primeiramente italianos e espanhóis e depois portugueses, encontraram ali um alojamento barato. Uns reconstruiram sobre os escombros, outros restauraram antigas casas de vinhateiros. Alguns compraram pedaços de terra e pequenos vinhedos. Os antropólogos dizem que estes imigrantes, em busca de um mundo melhor, encontraram ali uma possibilidade de reinventar o mundo rural que tinham deixado. Mas os caminhos que levam a uma vida melhor são muito mais tortuosos do que se possa imaginar…"José Vieira.
José Vieira vive e trabalha entre Portugal e França. A sua obra, dedicada sobretudo à problemática da emigração, tem sido exibida nos mais diversos festivais internacionais de cinema. José Vieira tem dado visibilidade à história de um milhão de portugueses que saíram do país nos anos sessenta, a maioria clandestinamente - "a salto", como se dizia -, no que foi a maior migração humana na Europa, no século XX.