A forma como se vive, como se usa e como se vê a cidade, tanto individual como coletivamente, define-se nos percursos quotidianos. Percursos que, muitas vezes, atravessamos de forma mecânica, já sem viver ou ver de facto o local.
Este workshop propõe desacelerar o passo e pela cidade passear, definindo um percurso mental no confronto de imagens de referência - nomes de ruas, letreiros, fachadas, neons, pessoas, árvores - e viver as memórias presentes na cidade.
O desafio deste workshop é que cada aluno faça, no mapeamento da cidade e na identificação dos seus percursos quotidianos, uma reflexão sobre tempo, memória e arquivo em relação à cidade. A sobreposição dos mapeamentos de toda a turma resultará graficamente num novo mapa coletivo da história da cidade.
Os resultados do workshop surgem do tratamento das imagens e dos sons, que resultam em duas dimensões - a bidimensionalidade do mapa e a tridimensionalidade do cinema experimentado que lhe sobrepõe uma outra escala, uma outra dinâmica e um outro olhar.
Realizadora de cinema, o trabalho de Melanie Pereira gravita em torno de duas temáticas centrais, a emigração portuguesa e a luta pelos direitos das mulheres. As suas primeiras obras inserem-se ao que chama de Ciclo da Emigração e abordam fragmentos migratórios através de observações, memórias, tempos e arquivos. Ativista feminista, desenvolve ainda várias investigações e trabalhos artísticos em torno de cinema e mulheres, em especial no contexto português. Em 2023, foi uma das realizadoras portuguesas emergentes escolhidas para integrar o programa The Factory da Quinzena dos Realizadores de Cannes. Em outubro do mesmo ano, a sua primeira longa-metragem As Melusinas à margem do rio é triplamente premiada no Doclisboa, entre os quais com o Prémio HBO Max para Melhor Filme da Competição Portuguesa.